Emanoela
Lima, Thâmara Agnes, Erika Hofling Epiphanio
“Educação
é aquilo que fica depois que você esquece o que a escola ensinou.” (Albert Einstein)
O
tempo é agosto de 2015, o espaço do cenário é o Brasil, país que atualmente tem
como manchetes escândalos, greves e crises. Poderíamos problematizar então:
politica, movimentos sociais, preconceito contra “minorias”, desemprego,
indústria da moda, economia, tecnologia, saúde, meio ambiente ou segurança, mas
queremos falar sobre Educação.
De
modo geral é consenso entre cientistas, educadores e filósofos que a Educação é
a solução para os problemas sociais. Poderíamos concluir inicialmente que, se a
Educação deste país não estivesse em crise, os temas sociais elencados
anteriormente estariam em melhores condições? Mas de qual Educação estamos
falando?
Convidamos
você a pensar sobre as suas vivências na escola, do ensino infantil ao superior
e responder qual o sentido da escolaridade na sua vida. Por que a maioria dos
pais deseja que aos três anos de idade seus filhos sejam inseridos na escola,
os influenciam a concluir o segundo grau e que escolham um curso superior?
Qual
o sentido da Educação para a população brasileira? É muito comum que a resposta
de inúmeros brasileiros seja um enfático: estudar significa ser alguém na vida!
Ou seja, conclui-se o ensino médio com a expectativa de ingressar em uma
faculdade para ter melhores oportunidades no concorrido mercado de trabalho da
nossa sociedade capitalista. Mas claro, que essa é uma realidade construída há
anos e que continua sendo reproduzida e perpassada através das gerações.
A
etimologia da palavra ‘educar’ significa “conduzir para fora”, ou seja, possibilitar
que o individuo apreenda o mundo e torne-se apto a conviver em sociedade. Segundo Oliveira e Carvalho (2007), pensar a
Educação é conceber um estado de elementos que, historicamente, contribui para
inserção do homem na sociedade. É por meio da educação que o ser é posto
no-mundo e com-os-outros. É também através desta que a consciência (não como um
lugar vazio a ser preenchido, mas como um espaço de reflexão da realidade) se
constrói, pois parte da realidade comunitária.
Na fenomenologia, que se inicia como um
movimento filosófico e, posteriormente, se manifesta como um caminho na busca
do conhecimento sobre a subjetividade humana considera a intencionalidade como
o maior atributo humano, que nos diferencia dos demais seres. A
intencionalidade, segundo Husserl, é a condição ontológica que possuímos para
atribuir sentido às coisas. Isto indica que a consciência é construída por esta
dimensão. Por isso, somos os únicos seres que possuem a capacidade de sermos
protagonistas de nossa existência, pois podemos decidir, escolher e transformar
a nós mesmos e ao mundo do qual pertencemos.
Mereleau-Ponty
inclusive aponta que a consciência não pode ser desvinculada do mundo. Mas para
conceber o mundo é preciso que o sujeito tenha se compreendido como um ser existente
no mundo. É então por meio das vivências e sentidos que os sujeitos tomam
consciência de si, dos outros e do mundo. É necessário pensar sobre o contexto
(mundo) para compreender sua realidade.
Questionar
a relação entre a consciência e a estrutura social, em primeiro lugar, é
conceber uma transformação interdependente, isto é, a consciência tem seus
níveis formados historicamente e, por isso, podem ser historicamente
modificados. Em segundo lugar, a educação perpassa as duas dimensões,
permitindo a mudança, a flexibilidade do próprio homem, em vista das suas
vivências.
A
educação então deveria ser contextualiza e deveria estimular os sujeitos a
tornarem-se conscientes de si, fazê-los pensar a partir de suas vivências. Não
oferecer verdades, mas apresentar diversas perspectivas, possibilitar que os
sujeitos estejam abertos, investiguem, encontrem soluções para os problemas,
movimentem-se, criem, transformem, encontrem seus próprios sentidos para coisas
e não apenas permaneçam passivos diante do mundo reproduzindo o conhecimento
acumulado.
De
acordo com Oliveira e Carvalho (2007) “a consciência permite ao homem não só
separar-se do mundo, objetivá-lo, mas também separar-se de sua própria
atividade, de ultrapassar as situações-limite” (p.221). Sair de uma educação de
massa e passar ao estágio de consciência crítica, proporcionar ao homem
humanizar-se, pensar sobre os problemas e agir por meio da reflexão crítica.
A Educação brasileira necessita de reforma
estrutural, pra que o saber seja construído entre educando e educador, e o
objetivo desta seja deslocado do econômico pra a facilitação da formação da
consciência de si e do mundo.
Finalizamos
então compreendendo que “é neste processo
de amadurecimento da consciência que a educação exerce um papel decisivo: deve
estar conjugada com o processo de mudança social” (Freire apud Oliveira e
Carvalho, 2007).
E
referenciando a supervisora pedagógica do documentário Educação.Doc Gislayne
Araújo, trabalhar pela educação não tem segredo e não é mágica, mas sim trabalho!
Construir um indivíduo, construir um cidadão, é um exercício trabalhoso. E esta
é a nossa motivação. Lutar, trabalhar por uma educação melhor!
Indicação de
leituras:
Oliveira, P. C. &
Carvalho, de P. (2007). A intencionalidade da consciência no processo educativo
segundo Paulo Freire. Paidéia, 17(37), 219-230.
ZILLES, U. Fenomenologia e teoria do conhecimento em Husserl. Revista
da Abordagem Gestaltica- XIII, n. 2, p. 216-221. 2007
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