Compreendendo as Dimensões Existenciais da Morte Voluntária

Por Denner Dias 

Foi ao ar na terça feira dia 10/06 o quarto encontro do Com-Versas do NEPFEE, abordando o tema “Compreendendo as Dimensões Existenciais da Morte Voluntária” com a participação do filósofo e professor, Alexandre H. Reis, da professora senior de psicologia da USP, Maria Júlia Kovács, e do psicólogo e psicanalista, Silvio Guimarães(CRP 19/5340) mediado pela Prof. Erika Epiphanio, nossa coordenadora.

Nesse encontro tivemos contribuições caríssimas dos participantes sobre o tema, contemplando não só as dimensões existenciais presentes na morte mas também os atravessamentos políticos, sociais e filosóficos que dão ao suicídio as representações sociais que possui hoje em dia e qual o papel do profissional de saúde na produção de cuidado diante daquele que encontra na morte a possibilidade de alívio.

Provocado pela Prof. Erika, Alexandre vai nos conduzir pela história do suicídio, mostrando pontos cruciais de mudança nas percepções e produções de sentido acerca do fenômeno: deixa de ser algo pessoal e existencial para se configurar como pecado contra o patrimônio divino que seria a vida, e então patologia mental, como trata a psiquiatria. Esse panorama histórico-filosófico serve de pano de fundo para os assuntos refletidos durante todo o encontro, que questiona não só os tabus do assunto, mas também a dita “voluntariedade” da morte, se aquele que encerra sua vida faz por opção ou por falta de opções diante da realidade imposta àquele sujeito, como diz Maria Júlia Kovács.


Segundo Camus, o suicídio levanta a angustiante questão que é se a vida vale a pena ser vivida. Para Silvio, sustentar esse dilema vai ser crucial para romper com o silêncio imposto pela sociedade sobre o assunto, pois a primazia da vida difundida através das instituições religiosas, políticas e de saúde nega o dilema, afirmando acima de tudo que a vida deve ser vivida, sem questionamento sobre como e, muitas vezes desconsiderando a pluralidade de vidas que existem, considerando que a realidade de cada pessoa que nos deparamos nas ruas, cidades e afins são diferentes entre si, permeadas por mazelas diferentes e com sujeitos que detém recursos diferentes para enfrentar (ou não) a realidade.


Segundo Fukumitsu (2012), acolher a dor do outro implica criar um espaço de escuta e diálogo, permitindo que a pessoa possa expressar seus sentimentos e pensamentos sobre a própria morte, essa atitude facilitadora aparece como um dos principais elementos presentes no cuidado com o sujeito que anseia pelo fim de sua vida. A autora ainda vai abordar o suicida como aquele que deserda de si, e esse ato revela um aspecto existencial que não é abordado pela lógica medicalizante da psicopatologia, o que mata aquele que tira a própria vida, que parte de si ele está deserdando?

Nosso encontro foi extremamente rico, caso queira assistir ou rever essa Com-Versa, clique aqui:  www.youtube.com/watch?v=nKXIuVXVwZk, até o nosso próximo Com-Versas.

Indicação de leituras

Fukumitsu, K. O. (2012). Suicídio: do desalojamento do ser ao desertor de si mesmo. Recanto das Letras. https://www.recantodasletras.com.br/artigos/3282272

Comentários