EDUCAÇÃO HUMANISTA: O EDUCAR CENTRADO NO ALUNO

Clara Maria M. de Sousa e Marluce Silva Lima

A escola é o lugar de refletir a vida!
Quem nunca parou para recordar o tempo em que permanecia horas a fio no espaço escolar? Ou lembrar daquele professor (a) que mais marcou essa trajetória?  As amizades feitas na sala de aula? As dificuldades encontradas na jornada do aprender? Será que a trajetória educacional nos primeiros anos de vivência escolar foi significativa? A educação possibilitou perceber-se enquanto sujeito de seu aprender?
É com essas interrogações que desejamos partilhar sobre a boniteza da Educação Humanista, como bálsamo e esperança na renovação das propostas de educação vivenciada no contexto escolar, sendo tão relevante para a vida de cada sujeito participante desse processo. Uma educação que não é imposta, e sim construída coletivamente.
A Educação Humanista surge no Renascimento, valorizando o homem como sujeito de sua aprendizagem. Mas teve seu apogeu com o enfoque dado por Carl Rogers em sua abordagem totalmente centrada no aluno. O professor facilita a aprendizagem, tornando o aluno construtor e reconstrutor de seu saber, sendo assim sujeito de seu processo.
Tal perspectiva vê o aluno como pessoa e não como uma máquina de aquisição de teorias. Tem como objetivo auxiliar o indivíduo a se tornar pessoa psicologicamente saudável, percebendo os elementos existenciais que o cerca e questionando a vida.  O aluno descobre-se a si e avalia a sua caminhada de aprendizagem. Esse processo significativo provoca verdadeira mudança do seu Eu, levando o aluno a questionar-se e impor-se na transformação do conhecimento.
A escola é o espaço de diálogo que desenvolve uma aprendizagem integral e reflexiva, de modo a construir juntos o ensino. A prática de construção do conhecimento é assim, uma produção histórica e social, resultante do envolvimento de todos, não somente do professor. O educador, como facilitador assume uma atitude de autenticidade, mostrando a maneira de estar e ser presença no mundo. Com isso o aluno consegue ler de maneira crítica e criativa o seu mundo, sua própria vida. Transpondo assim, a informação que vem pela teoria, tornando-o reflexão através da interação social.
É proposta uma aprendizagem significativa, na qual sejam envolvidos: a comunidade, a escola, a família, o aluno e o professor. O processo de ensino e aprendizagem parte das experiências vivenciadas por estes e pela liberdade de ser quem são, ou seja, o aluno como pessoa em processo constante de descobertas.
Para que a educação humanista se desenvolva nos espaços escolares, é necessária atitude aberta, sem preconceitos, onde todo conhecimento é importante, através de uma postura engajada e comprometida frente aos fatos da realidade que está em torno da vivência escolar.
Com esse diálogo queremos impregnar de sentido a realidade educacional, na proposta da Educação Humanista, detendo-a de subjetividade quanto ao conhecimento e perspectiva de aprimoramento do processo de aquisição de saber, tornando o aluno o centro, muito maior do que qualquer teoria, favorecendo o diálogo e dando abertura a construção da aprendizagem. Somente com uma educação humanizante e humanizada é que perceberemos a mudança na sociedade. Porque ela é feita de sujeitos aprendentes e aprendizes que podem alterar o curso de suas histórias, colaborando assim com a libertação consciente de outros indivíduos.



Sugerimos os textos, para maior aprofundamento:

MARTINS, J. BICUDO, M.A.V. Estudos sobre Existencialismo, Fenomenologia e Educação. Ed. Centauro, 2006.
PEIXOTO, A.J. HOLANDA, A.F. Fenomenologia do Cuidado e do Cuidar: perspectivas multidisciplinares. Juruá, 2011.

ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. 5. ed São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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