Texto escrito por: Profa. Dra. Erika Höfling Epiphanio
FENOMENOLOGIA!
Uma
filosofia!
Uma
visão de Homem!
Uma
proposta de busca de conhecimento.
Como
surgiu? Porque surgiu?
Qual o
impacto na ciência?
A fenomenologia, a princípio foi
considerada uma filosofia que se propunha a olhar para a subjetividade humana,
pensar o Homem em sua completude, retirando a perspectiva objetiva das ciências
naturais das explicações sobre o caráter subjetivo do homem.
Ao pensar neste surgimento
histórico, do qual inicialmente Franz Brentano aponta para a necessidade de
compreender o conhecimento humano, a partir do ato intencional, já que o Homem
é o único ser que possui consciência, logo que têm condições de atribuir
sentido as coisas e a sua existência, me remeto a pensar no surgimento da
Fenomenologia na minha compreensão de homem.
Quando cursei minha graduação em
Psicologia entre 1988 e 1992, o curso de Psicologia era pautado nas duas
principais escolas da Psicologia: Psicanálise e Behaviorismo ou Psicologia
Comportamental. Eu, naquele momento, uma estudante motivada a conhecer e
compreender os mistérios do psiquismo humano, em um determinado momento do
curso fui obrigada a escolher uma das escolas para me aprofundar. Dúvida cruel!
Qual delas me oferecia mais sentido? Qual delas explicaria minhas dúvidas com
mais completude? Enfim, percebia que apesar da minha escolha ser a psicanálise,
não me sentia satisfeita. Esta escola, por mais que me oferecia inúmeros
conhecimentos interessantes, não saciava a minha necessidade de ver o homem de
maneira mais ampla. E foi em 1996, ao iniciar meu mestrado, do qual tive o
privilégio de ter como orientador e “mestre” o Prof. Dr. Mauro Martins
Amatuzzi, grande referência para a Fenomenologia no Brasil, que vim a conhecer
e me apaixonar por esta, que seria então a minha visão ampliada da compreensão
humana.
Assim como na minha história,
algum tempo antes, por volta da década de 20, as ideias de Edmund Husserl
atingia seu apogeu ao criticar que as visões propostas pelas duas grandes
forças da psicologia (Psicanálise e Behaviorismo) eram limitadas, assim como me
senti anos após, quando a Psicologia no Brasil, pouco se abria para o que foi
considerada a 3ª força da Psicologia, abordagem esta que podemos compreender,
historicamente, como uma nova possibilidade de conhecimento da subjetividade
humana. Esta perspectiva teve seu inicio enquanto filosofia, no entanto com
Husserl preocupado com a falta de critérios da filosofia, leva a fenomenologia ao
“status” de ciência ao propor a redução fenomenológica como um recurso, ou uma
atitude diante do conhecimento, em que, para se compreender os fenômenos
humanos, é preciso partir da vivência, da experiência daquele que o vivencia a
para tal é fundamental que deixe de lado, ou coloque entre parênteses os seus conhecimentos
prévios a cerca do fenômeno a ser estudado.
A base fenomenológica foi o pano
de fundo que deu origem a novos pensamentos de grande importância em uma nova
possibilidade de ver o homem, compreendendo-o na sua existência, enquanto
ser-no-mundo, enquanto ser-com-outros, um homem que não é determinado a ser
algo em função de situações pré-estabelecidas, mas que pode se reinventar a
cada nova experiência e possibilidades, pois este homem sofre influências do
mundo, da mesma forma que o influência. Tem a capacidade e a liberdade de
escolher e se decidir e ainda é compreendido como um todo existencial.
Com este embasamento, alguns
importantes pensadores europeus como Heidegger, Sartre, Merleu-Ponty, entre
tantos outros construíram o Existencialismo que propõe este olhar para a
existência humana e aquilo que caracteriza sua condição ontológica e ainda,
posteriormente, também sobre as mesmas influências, a Psicologia Humanista
surgiu fortalecendo a terceira força da Psicologia com importantes contribuições
de Maslow, Rogers, Perls entre outros que inovam com um otimismo encantador, ao
considerar que todo ser humano tem potencialmente a capacidade de se
desenvolver, amadurecer e se realizar, desde que encontre em si esta
possibilidade.
E com isto encerro este texto,
colocando que a Fenomenologia em toda sua construção de conhecimento, ofereceu
a mim uma perspectiva para compreender o psiquismo humano que me faz sentido e
que assim como me encantou, encantou este grupo de pessoas que hoje faz parte
do NEPFE e, tenho certeza, que muitos leitores podem se encantar com esta visão
mais humana do que é do homem.
Para conhecer mais sobre o
assunto segue algumas indicações bibliográficas:
- AMATUZZI, M.M. Por uma Psicologia Humana. Ed. Alínea, 2010.
- CRITELLI, D. Analítica do sentido: uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica. Ed. Brasiliense, 1996.
- FORGHIERI, Y.C. Psicologia Fenomenológica: fundamentos, método e pesquisas. Pioneira, 1993.
- LIMA, B. F. Alguns apontamentos sobre a origem das psicoterapias fenomenológico-existenciais. Revista da Abordagem Gestaltica, XIV (1), p. 28-38, 2008.
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