Reflexão sobre a padronização do
“corpo saudável”
Por: Emanoela Lima e Rozelair Barreto
Somos bombardeados a todo o momento por campanhas, propagandas,
programas, que veiculam e vendem o corpo belo, sem defeitos ou coisa do tipo. É
um corpo que, banalizado, serve como mercadoria. Um corpo potencializado a todo
instante para a exibição, geração de lucro e alimenta cada vez mais o mercado
capitalista (globalizado). Nesse contexto o olhar do outro reafirma essa
potência alcançada à duras penas, através dos “gostei”, “curtidas” e
“comentários” das redes sociais.
Também somos cercados a todo instante por uma diversidade de dicas
de como alcançar um corpo fitness, ter uma alimentação pautada em alguns
alimentos ou não tê-la, de como alguns sacrifícios são necessários para a
potencialização de um corpo viril através de uma série de exercícios físicos,
inclusive, com prescrição de treinos cada vez mais extravagantes. Esses
treinos, geralmente, são prescritos por pessoas que apenas são adeptas dessa
onda que impera na cultural atual do “no
pain, no gain”¹.
Partindo disso refletimos, e aqui, convidamos você também, caro
leitor, a refletir: até que ponto esse ideal de corpo é um espaço de busca por
bem-estar? Ser um corpo ou ter um corpo? São perguntas que perturbam os
sentidos, sacodem o existir. Seria, portanto, uma falta de sentido essa
frenética busca por ser um corpo e ao mesmo tempo nada ser?
Nesse sentido há uma necessidade de refletir o corpo não como um
espaço externo ao ser, mas como uma unidade integrada que deve passar pelo
crivo do cuidado e do reconhecimento de um corpo total e não fragmentado. O
corpo, desse modo, deve ser entendido como uma “junção de uma ideia e de uma
existência” (Merleau Ponty apud
Coelho e Carmo, 1992) inseparáveis, que assim torna possível a compreensão do
organismo vivo e do comportamento humano como uma totalidade em que cada parte
só tem sentido quando atuando em conjunto com as demais (Coelho & Carmo,
1992, 41).
No entanto, na conjuntura atual o corpo para o homem, além de ser
um corpo bancário, isto é, guarda todos os padrões de consumo instituídos
atualmente, acaba se tornando uma unidade programada, cabendo ao indivíduo
exigir cada vez mais de si. Há uma escassez de saúde, de vida, de bem-estar e
de autonomia. A existência pode, então, tornar-se uma patologia diante de
tantas imposições e excessos.
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