por Erika Epiphanio
Caros leitores,
Hoje vos escrevo enquanto
pessoa. Deixo de lado meus títulos, meus
“saberes” da Psicologia, meu fazer pela Educação e vou falar sobre minha visão
humana, sobre a humanidade.
Confesso, estou extremamente preocupada
com a humanidade!
Quem sou eu, uma humana limitada
por minha condição existencial, para estar preocupada com a HUMANIDADE?
Sou alguém comprometida com a
Ética humana, de acordo com minhas atitudes existenciais e também com a
construção do conhecimento, sempre em busca de uma compreensão dos fenômenos
humanos.
Sou uma cidadã que anda pelas
ruas de diversas cidades e me deparo o tempo todo com a falta de gentileza que
leva em muitos momentos ao desrespeito ao outro.
Sou uma mulher atenta ao mundo em
que vivo e por completo desespero e desesperança abri mão da expressão mais
feminina da humanidade, a maternidade por amor ao filho que nunca tive. Gerar
um filho neste mundo? É justo? Se vejo a humanidade se destruindo, se desrespeitando
cada vez mais? Que mundo temos a oferecer às novas gerações?
Sou uma profissional que teve o
esporte como área de atuação nos últimos vinte anos e que percebe que cada vez
mais as pessoas se desligam dos aspectos existenciais de sua corporeidade. Como
posso acreditar nas relações humanas, se nem ao menos as pessoas se relacionam
de maneira humana com seu PRÓPRIO CORPO?
Sou uma amiga, tia, irmã e
espectadora das relações familiares cada vez menos humanas. Meu Deus, nenhuma
tecnologia pode substituir as relações! Somos seres formados, construídos,
constituídos e afetados completamente pelas relações interpessoais e nestas não
há tabletes, celulares, emoticons, que consiga suprir o olhar, a escuta e nem o
abraço.
Sou uma educadora debruçada a
compreender o processo educacional, que acredita que é possível a construção de
um mundo mais humano, mais ético e mais respeitoso quando conseguimos
desenvolver a essência humana nas atitudes educacionais.
Sou uma eleitora cansada de
políticas públicas que favorecem a minoria, cansada de tamanha desigualdade
social e tão grandiosa corrupção que assola nosso país.
Sou, meus caros, uma pessoa
humana que está com coração partido e triste, devido a tanta violência em nossa
sociedade que atinge pessoas nos mais diversos contextos, mas principalmente,
não consigo olhar para a violência contra a criança sem me revoltar. Estes dias ouvi uma criança de 12 anos
dizendo “está difícil ser criança neste mundo” e tenho que concordar com esta
sabedoria infantil e lamentar, é está difícil mesmo!
Mas eu tenho um compromisso
comigo mesma: enquanto tiver sangue correndo por minhas veias e enquanto tiver
um coração batendo, vou lutar contra a desesperança e a revolta e vou plantar
sementes que possam arborizar este mundo devastado de natureza pelas ações
desumanas do poder. Enquanto eu estiver agindo, lutarei por mais uma árvore que
possa oferecer o aconchego de uma sombra em um dia ensolarado.
Eu tenho sim um compromisso com
as relações humanas.
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