Olá caros leitores,
Estamos um pouco sumidos em função de muitas atividades que estamos desenvolvendo e iniciando um novo semestre letivo que nos deixa enlouquecidos, mas sempre temos o que contar.
Há cerca de duas semanas o NEPFE fechou uma parceria com a Coordenação de Educação Inclusiva da UNIVASF e como primeira ação desta parceria tivemos um curso de formação sobre Educação Inclusiva ministrado pela professora Dra. Karla Daniele Maciel.
Foi um encontro reflexivo de grande importância para todos os presentes, alunos do curso de psicologia, estagiários de psicologia e alunos que estão envolvidos com nosso projeto de extensão junto a APA. Espaços como estes nos capacita ainda mais para pensar nossas ações enquanto cidadãos, enquanto profissionais na educação e também no esporte.
Foram diversos os momentos tocantes neste encontro, como na dramatização proposta pela mediadora do encontro
Estamos um pouco sumidos em função de muitas atividades que estamos desenvolvendo e iniciando um novo semestre letivo que nos deixa enlouquecidos, mas sempre temos o que contar.
Há cerca de duas semanas o NEPFE fechou uma parceria com a Coordenação de Educação Inclusiva da UNIVASF e como primeira ação desta parceria tivemos um curso de formação sobre Educação Inclusiva ministrado pela professora Dra. Karla Daniele Maciel.
Foi um encontro reflexivo de grande importância para todos os presentes, alunos do curso de psicologia, estagiários de psicologia e alunos que estão envolvidos com nosso projeto de extensão junto a APA. Espaços como estes nos capacita ainda mais para pensar nossas ações enquanto cidadãos, enquanto profissionais na educação e também no esporte.
Foram diversos os momentos tocantes neste encontro, como na dramatização proposta pela mediadora do encontro
Foi de arrepiar!
Gostaria agora de compartilhar um texto que discutimos no encontro, escrito pelo autor Ronaldo Correia Junior...
09/10/2000
- Ronaldo Correia Junior.
A
imagem mais comum que a sociedade faz da pessoa com deficiência física é a de
um paraplégico sentado numa cadeira de rodas. Como a mente está no cérebro,
mesmo alguns profissionais (neurologistas, psicólogos, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, etc.) acostumados a lidar com pessoas com deficiência,
pensam que uma lesão cerebral implica necessariamente em alguma dificuldade de
aprendizagem e de compreender o mundo - no entanto, em 50% dos casos não existe
comprometimento da capacidade cognitiva. Por fim, como quem tem paralisia
cerebral quase sempre precisa de outra pessoa para se alimentar, banhar,
vestir, etc., geralmente o veem como um bebê ou um anjo.
Assim,
ora os problemas da sexualidade de pessoas com paralisia cerebral cognitiva e
psicologicamente "normais" são tratados como iguais aos dos tetra e
paraplégicos - essa generalização indevida também ocorre com outras
deficiências físicas, ora são assimilados aos dos que têm deficiência
cognitiva, ora são simplesmente negados pois são vistos como assexuados. Um bom
exemplo desse estado de coisas é o livro “Sexualidade e Deficiências” de Ana
Cláudia Bortolozzi Maia, cujo capítulo sobre deficiências físicas na prática só
trata da lesão medular.
No
sexo em si, como em tudo o mais, o grande problema das pessoas com paralisia
cerebral é a falta de coordenação motora, a qual também dificulta ou
impossibilita a masturbação. Além do mais, a paralisia cerebral deforma suas
feições físicas, tornando-os um improvável objeto de desejo de um homem ou
mulher - embora uns poucos tenham atração física por pessoas nesta condição - e
dificulta ou impossibilita a fala, a qual é importantíssima na sedução.
Devido
a tais problemas, há aqueles que se refugiam nas próprias fantasias, muitas
vezes alimentadas por pornografia, conformando-se em viver sua sexualidade de
modo bem parcial. Alguns têm a saúde seriamente prejudicada porque a família
não os leva a urologistas ou ginecologistas, já que são considerados
assexuados, visão que frequentemente faz a família resistir e até
tentar impedir que essas pessoas tenham uma vida sexual. Outros sofrem
abuso sexual, às vezes repetidamente, sem ter possibilidade alguma de se
defender e, devido à impossibilidade de falar ou se comunicar, de contar o que
aconteceu, denunciar os agressores. Os que vivem em instituições de abrigo,
abandonados pela família, são proibidos de manter qualquer atividade sexual
voluntária e enfrentam situações vexatórias para burlar tal proibição.
Quem
dispõe de algum dinheiro e é homem pode apelar para a prostituição, algo
muitíssimo mais difícil para as mulheres, o que gera uma série de problemas
práticos (arranjar alguém que o leve, preservar sua intimidade, procurar uma
profissional que aceite lidar com a deficiência, conseguir comunicar-se com
esta para dizer o que deseja fazer e como, etc) e familiares, inclusive por
serem vistos como crianças ou anjos, além de reduzir ainda mais sua autoestima
e ser fonte de constrangimento; porém, mesmo para tais
"privilegiados" a vida sexual raramente deixa de ser altamente
insatisfatória, o que causa tensão, insônia, ansiedade, entre outros problemas
psicológicos, psicossomáticos e fisiológicos. Se em certos casos a necessidade
de sexo pode ser (muito mal) suprida com dinheiro, a de amor não, o que
machuca, fere, dói na alma.
São
evidentes as grandes dificuldades para alguém ter atração, relações sexuais
e/ou amorosas, e filhos com uma pessoa com paralisia cerebral e, portanto, ter
uma sexualidade problemática é inerente à sua condição. Entretanto, embora o
discurso sobre "beleza interior" seja quase sempre hipócrita,
de modo nenhum é impossível um homem ou uma mulher se interessar, amar e ter
prazer com essas pessoas e se dispor a enfrentar tais dificuldades, inclusive
com muita imaginação e criatividade, mas aí emerge toda a carga de preconceitos
e visões distorcidas pelos quais não podem fazer sexo, namorar, se casar e ter
filhos, isto é, nestas ocasiões a sociedade tende a negar-lhes os direitos
humanos mais básicos. Mas o fato é que as pessoas com paralisia cerebral cuja
capacidade cognitiva não foi afetada não têm problemas de sensibilidade tátil e
em ter prazer, e têm desejos, amam e se apaixonam como qualquer pessoa
"normal".
Ronaldo
Correia Junior.
Dedos dos Pés.
Dedos dos Pés.
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http://www.dedosdospes.com.br/
http://www.bengalalegal.com/ronaldo
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