A experiência de duas Nepfianas na Ilha de Assunção



relato de experiência de Rozelair Barreto e Ravena Araújo






No dia 30 de Julho 2016, tivemos a oportunidade, enquanto estudantes de Psicologia, de conhecermos a Aldeia Truká, localizada na Ilha de Assunção, Cabrobó/PE. Foi uma experiência em grupo que jamais compreenderíamos somente ao ler a história dessa aldeia.

Ouvimos, vimos e sentimos no encontro com as lideranças e o povo Truká uma história de luta e união, que ao longo do tempo tem cada vez mais fortalecido e perpetuado a cultura daquele povo. Nesse encontro pudemos perceber também um profundo enraizamento e ligação espiritual com a Terra e a Natureza, aspectos celebrados através de seus rituais.

Há uma forte coesão entre aquilo que cada componente da comunidade falou e o que vivem no dia a dia. Também foi possível notar que as pessoas da comunidade são empoderadas, sendo percebido esse aspecto ate mesmo nas suas crianças, não que isso implique uma formação para militância, mas é algo próprio da convivência e da constituição daquela aldeia, pois “a posição existencial que cada pessoa assume está diretamente ligada às experiências do grupo familiar” (Alves e Correia, 2004, p. 38).

A educação tem sido o carro chefe do fortalecimento social daquela aldeia, porém esse é um movimento de luta constante e em andamento, não só pelo reconhecimento de suas necessidades educacionais especificas, mas também na luta por inserção de seus jovens dentro das instituições de formação profissional e das Universidades para que eles possam melhor atender suas comunidades. Como nos afirmou Neguinho, o Cacique daquela comunidade, “queremos ser reconhecidos como iguais e diferentes”, assim como também merecem que sejam – e precisam – serem respeitados da mesma forma que eles respeitam uns aos outros e as outras culturas/povos.

            As palavras desse texto jamais darão conta de traduzir a emoção e o encantamento produzidos em nós ao termos o contato com os Truká, mas voltamos diferentes, transformadas/os, dilatadas/os em nossa consciência e percepção acerca do mundo e dos humanos. Reflexivas/os por toda sabedoria e força de um povo que vive o que diz e diz o que vive. O conhecimento e mobilização a que fomos expostas/os, não pode ser mensurado nem comparado a experiências de ensino técnico que nos é oferecida em loco em nossa formação para o cuidado e escuta das pessoas.

Que exemplo de pessoas e humanidade os Trukás são, que força e simpatia têm aquelas mulheres que conhecemos, eles são a própria escola. Enquanto eles diziam “vocês têm o que a gente precisa”, no que se refere a oportunidade de educação, facilidades e mais espaços aparentemente, “eles têm o que eu preciso/ ou o que a gente precisa” e foi um sentimento mútuo ao que pudemos conversar com algumas outras pessoas que escutaram. Mesmo sendo violentados pelo Estado eles têm o que ninguém compra, a simplicidade e o que ninguém pode roubar história, sabedoria, respeito de uma forma que a muito não víamos em nenhum lugar (tanto em relação de uns com os outros como em relação a terra deles e a natureza), e uma aparente paz. Eles acham que temos o conhecimento científico, mas o que eles têm é de uma riqueza que jamais os títulos nos oferecerão.



Nossa gratidão!




Ah! 
Eu vi! 
E eu vivi, ouvi, eu chorei e cantei, eu gargalhei. 
E tocou profundo. 
Me mostrou e me desvendou um mundo. 
Foi um encontro de diferenças,
detalhes semelhantes, 
parecíamos tão próximos e tão distantes, 
revisitamos um passado. 
Teve luta, teve choro, 
teve perda, teve vitória, 
reconquistas, resistências, retomadas. 
Eu fui enlaçada e transformada, 
na essência mística, ritualística. 
Eu fui acolhida e surpreendida por toda energia, 
com toda essa força. 
Ah, e que todos ouçam! 
Que é na vivência e na experiência, 
que se vê a essência e toda potência 
de vida que essa gente guerreira e resistente tem! 






Comentários