texto escrito por Emanoela Souza Lima e
Tairinne Gabriela Rocha
Educação Integral: uma ponte entre educação, saúde e
cidadania
A partir
das experiências e discussões em sala, nós escolhemos o tema da educação
integral como norteador da reflexão que pretendemos tecer abaixo. Antes de começarmos a falar da educação
integral, faz-se necessário considerar os atores sociais que estão envolvidos
nesse processo de aprendizagem, a fase de desenvolvimento da infância é uma das
mais atingidas por tais ações.
Ao longo
da história essa fase da vida passou por diferentes compreensões, desde
considerar as crianças enquanto mini-adultos, até o reconhecimento dos direitos
que esse sujeito tem dentro da sociedade. No Brasil o reconhecimento da criança
enquanto ser global e de direito se deu em meados do século XIX, quando se passou
a considerar a mesma como ser em desenvolvimento (GOUVEIA, 2006).
Em vista
disso, a escola se tornou um ambiente no qual as crianças permanecem por um
longo tempo, sendo assim, é preciso repensar a educação tradicional com o intuito
de transformá-la em um processo de aprendizado significativo para os sujeitos. De
acordo com Cavaliere (2002) a reformulação da escola está associada à
valorização da atividade e experiências em sua prática cotidiana. Nesse
sentido, a proposta de educação integral vem ao encontro desse pensamento, já
que se pretende por meio dela considerar a condição multidimensional dos
indivíduos, desvinculando-se da noção de que o processo de ensino-aprendizagem
se baseia apenas na dimensão cognitiva, ou seja, a compreensão de sujeito dessa
forma de ensino está pautada na dimensão biopsicossocial (GONÇALVES, 2006).
Ressaltamos
que este processo se dá através da integração de tempos e espaços, desse modo, não
é visado apenas o aumento do tempo que a criança/adolescente passa na escola, é
necessário ampliar as possibilidades de se aprender. Logo, a escola deve dispor
de um ensino teórico-técnico e mediar as relações interpessoais, entretanto, a
educação não se esgota nesse espaço físico, pois a mesma é um dos dispositivos
da rede que contribuem para as diversas aprendizagens. Posto isso, de acordo
com Carvalho (2006, p. 10):
“para a sociedade que nos toca a
viver, uma política de educação fechada em si mesma perdeu seu sentido
transformador. Não se quer mais uma política de educação centrada apenas em
sistemas formais de ensino (escolas). A educação tem presença e investimento em
outras políticas setoriais (cultura, esporte, meio ambiente...). Ela ganha
efetividade quando integrada a um projeto retotalizador da política social.”
Diante
do exposto, a política de educação demonstra a necessidade de descentralização
do ensino, visando o desenvolvimento integral dos sujeitos através da
articulação entre os diversos atores e ambientes do microterritório. Nessa
relação de descentrazalização educacional o microterritório propicia a
convivência, sociabilidade e participação na vida pública comunitária, visto
que promove a aprendizagem significativa pela via da apropriação do território
no qual (con)vivem (Idem, p.10).
O
imperativo dessa educação é articular todas as esferas da vida da pessoa,
possibilitando que esta reflita sobre a sua função social. Dessa forma, consideramos
que essa política social engloba tanto as questões educacionais quanto
referente à saúde, já que a preocupação com o desenvolvimento global do ser é
um dos seus pilares. Com a educação integral além do fortalecimento e da
integração entre a comunidade, a família e o sujeito, esse processo de ensino
visa uma aprendizagem voltada não apenas para as propostas mercadológicas, o
que geralmente é adoecedor, mas para a cidadania.
Por fim,
cabe à Psicologia o papel de dialogar com essa nova proposta de ensino,
buscando na prática construir espaços que viabilizem, cada vez mais, o acesso e
a ampliação de um processo de educação pautado no compromisso de possibilitar o
bem-estar e o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos.
Referências Bibliográficas:
Referências Bibliográficas:
- CARVALHO, M. C. B. O lugar da educação integral na
política social. Cadernos Cenpec/ Nova
série [S.I.], v. 1, n. 2, p. 7- 11, aug. 2006.
- CAVALIERE, A. M. V. Educação Integral: uma nova
identidade para a escola brasileira? Educação e Sociedade, Campinas,
v. 23, n. 81, p. 247-270, dez. 2002.
- GONÇALVES, A. S. Reflexões sobre a educação integral e
escola de tempo integral. Cadernos
Cenpec/ Nova série [S.I.], v. 1, n. 2, p. 129- 135, aug. 2006.
- AZEVEDO GOUVEIA, M. J. Educação integral com a infância e
juventude. Cadernos Cenpec/ Nova série
[S.I.], v. 1, n. 2, p. 77- 85, aug. 2006.
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