Educação, o nobre ofício de educar em jogo!

Por Erika Hofling Epiphanio

Ao falar da minha visão da Educação atual, sou muito cautelosa, pois estamos diante de um segmento social que está completamente envolvido com políticas públicas.
Falar de política no cenário atual é muito delicado pois percebo que hoje temos um pais completamente dividido politicamente, de uma maneira que não via desde Arena e MDB, os mais antigos sabem do que estou falando.  Hoje o país se dividiu em Fora Temer, Fora Dilma, o que acho inclusive bizarro já que falamos de “pessoas” que há pouco estavam no mesmo barco, mas esta não é a discussão deste texto.
O que me chega é, que tais discussões políticas temperam as reflexões, deixando um pouco nebulosa nossas decisões e posicionamento.

Então vamos a Educação!
A Educação precisa de mudança? Simmmmmm! Obvio!
Há muito tempo a Educação é sucateada por políticas públicas que não favorecem a construção do conhecimento e do raciocínio crítico. Há tempos a atratividade do ofício de ensinar tem sido reduzida, tornando a profissão de professor cada vez menos procurada, sendo cada vez mais raro a existência de educadores!
Penso que estamos na hora de juntar forças de quem realmente se preocupa com a Educação. A hora é esta, lutar pela melhor qualidade da Educação.
Sem dúvida assistimos um grande avanço quantitativo no acesso à educação na última década, no entanto a qualidade da mesma só tem decrescido, logo creio que o foco agora deve ser este, já que o momento é de reforma.  Penso que agora é gritar sim pela EDUCAÇÃO, e não fora nem fica ninguém, pois precisamos de novas perspectivas, novos horizontes e novos caminhos que possam transformar o nosso cidadão em pessoas dignas, respeitadas com o desenvolvimento de autonomia social e política. Pessoas que possam exercer seu papel na democracia por visão política e social e não por assistencialismo e manipulação.
Eu sei e acredito que a educação ainda é o caminho para termos um país melhor, mais justo e mais digno de existirmos, desde que esta proporcione a construção do saber e não a reprodução de um conhecimento falido e ultrapassado.  Que ela possa possibilitar um ensino significativo que respeite as diferentes opiniões, que respeite toda e qualquer diferença, respeitando a existência do outro.   
Se hoje está um foco reformas que pensem a educação, vamos nos debruçar nestas para compreender sua essência, por nosso conhecimento, por nossas experiências e nosso saber e não apenas pelo que a mídia mostra. A mídia mente, a mídia sempre mentiu,pois o objetivo da mídia é vender e não ensinar ou educar.
Sobre as reformas propostas, não tenho ainda um grande aprofundamento para me posicionar, mas não acredito em uma reforma que começa pelos mais fracos. Teria o coração mais aberto se tivesse uma primeira medida de redução de custo iniciando por eles, por quem já ganha bem e mama na mordomia paga por nós trabalhadores que temos nossos benefícios cada vez menores e nosso poder de compra reduzido ao básico, do qual cada vez menos podemos bancar uma mordomiazinha, como um momento de lazer com família,  pois o feijão está  faltando na mesa.  
Não acredito em bandeiras, mas visto a camisa para ações que propõe fazer a diferença em prol de uma educação de qualidade. As pessoas flamam por uma bandeira, gastando energia demais no inflamar, restando pouco para atuar.
A leitura do texto “ Paulo Freire e Heidegger: o essencial é deixar aprender” me trouxe uma reflexão importante. Em geral, quando trabalho em minhas disciplinas com os teóricos que construíram a fenomenologia, o humanismo e o existencialismo faço uma apresentação histórica dos acontecimentos sociais, políticos e econômicos que de certa forma mobilizaram a construção daqueles conhecimentos.
Vemos que estas “escolas” do saber, ou estes “pensadores” viveram em momentos bastante críticos, repletos de crises econômicas, destruições decorrentes de guerras e ainda uma crise de princípios éticos e morais bastante evidente. E isto me leva a pensar no nosso momento atual, no aqui e agora.
Estamos diante de um período bastante crítico em nossa sociedade. Não temos guerra, mas temos um altíssimo índice de violência, diria que é quase uma guerra. A moral é constantemente questionada. A falta de ética e a falta de respeito humano predominam na nossa sociedade.  Enfim, estamos em crise! Crise política, econômica e social. Cenário propício para mobilizar mudanças.
Assim como eu, os teóricos estudados pelo texto acima referenciado (Heidegger e Paulo Freire) acreditam no poder da educação, no processo de mudança.  No entanto nos referimos a educação que não impõe modelos e conhecimentos enlatados, mas aquela que propõe a liberdade de pensar.
Segundo Martini (2005) “ Heidegger averte que somente quando esquecemos profundamente tudo que sabemos, até o presente, como essencial do pensar, é que podemos aprender a pensar” (p.11), que linda lição de desapego!
E penso, que está na hora de desapegarmos de modelos ultrapassados, desapegarmos de posicionamentos políticos radicais e realmente conduzir a educação no sentido de proporcionar aos educandos a capacidade de pensar, colocando novamente o papel do professor como pensador que facilite a liberdade do pensar.

Leia: Martini, R. M.F. Paulo Freire e Heidegger: o essencial é deixar aprender. Rev.Educação, Unisinos, v. 9, n.1, p. 5-14. 2005.

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