REFLEXÃO SOBRE: “O ESPORTE COMO FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: AÇÕES EM UM GRUPO ESPORTIVO NO VALE DO SÃO FRANCISCO”
Por Ravena Araújo
Olá caros(as) leitores(as)!
Quero hoje contar um pouco a vocês sobre
essa experiência que pra mim é tão nova. Remeto-me ao projeto de extensão
vinculado ao nosso núcleo de estudo e em parceria com a Associação Petrolinense
de Atletismo (APA), que só vem crescendo.
É uma imensa responsabilidade vim aqui falar
de uma área tão nova quanto é a psicologia do esporte, mas que tem avançado e
se destacado muito, devido sua contribuição para o esporte, seja no campo de
estudo ou pesquisa. Foi a primeira oportunidade de ingressar em um projeto e
jamais imaginaria na possibilidade em ser parte desse “fazer” e se identificar
com a Psicologia do Esporte, da forma que estou envolvida. Para além da
psicologia do esporte, é importante enfatizar o esporte enquanto ciência e,
isso não deve ser ignorado de forma alguma. Cheguei não sabendo nada e
aprendendo tanto, ainda tenho consciência que tudo que aprendi não é o
suficiente e nunca vai ser, já que a transformação e o aperfeiçoamento nessas
áreas são tantas, de modo, que a sala de aula somente não poderia me
proporcionar isso.
E por isso
enfatizo que: O esporte constitui-se hoje, sem dúvida nenhuma, num dos mais
importantes objetos de análise, não apenas das ciências do esporte, mas de
múltiplas abordagens literárias. O esporte como fenômeno sociocultural complexo
é visto, nestas abordagens, embora nem sempre explícitos. (KUNZ, 2000)
Conseguimos alcançar algumas
abordagens como a fenomenologia e o humanismo pra discutir e fazer relação a
esse fenômeno faz o trabalho ter muito mais sentido. Já tive contato em
trabalhar com pessoas com deficiência nesse processo de formação, mas não nessa
perspectiva. Em ter e ver o esporte como esse lugar de ressignificar a vida,
oferecer autonomia a essas pessoas e faze-los perceber a dimensão da
importância e o exemplo que são. Da diferença que é unir e ver teoria e prática
acontecendo, acreditar nas potencialidades do outro e a refletir sobre as
atitudes e de como os fenômenos se mostram, para poder pensar e traçar
estratégias, como foi feito em nosso trabalho.
Durante esse um ano de projeto, me
deparei com tantas indagações sobre tudo que era observado, tudo que era
apresentado e sobre o que era fundamental discutir. Para poder só então,
compreender as necessidades e peculiaridades de cada pessoa, de modo, que as
orientações e o pensar em conjunto com a equipe de extensão, contribuíram
imensamente no pensar das técnicas e melhoria dos fatores que são ligados ao
psicossocial. Estivemos presentes e com disponibilidade durante todas as
semanas realizando observações e escuta, a escuta nesse caso esteve para além
do ouvir. No observar muita coisa foi revelada. Foi parte dessas indagações que
influenciou o processo do pensar em estratégias para beneficiar a equipe.
Lembro que logo no inicio tinha
muitas angustias, pensava sobre o desafio que ia ser um trabalho nessa área da
Psicologia do Esporte, pelo pouco contato que tive no ensino da graduação. A
insegurança, o medo de errar, de não saber como agir ou de falhar com os
treinadores e os paratletas, por não compreender nada e pensar que também não
conseguiria. Mal sabia que as competições em corridas eram divididas em
classificações, também não conhecia as etapas, até chegar ao ponto de pensar
que não iria conseguir fazer a diferença e que poderia estar perdendo tempo.
Concluo essa fase do trabalho,
agradecida me fazendo olhar com outro sentido e olhos para o esporte e as
competições, pela paciência de pessoas da equipe, quando me explicam termos
técnicos, me contam sobre cada colocação, ouvir um pouco do processo da
historia pessoal de cada um pra chegarem onde estão hoje e os desafios que enfrentam
e que ainda precisam enfrentar, sejam em suas vidas pessoais ou profissionais.
A psicologia humanista é grande influencia nesse trabalho. É
possível fazer relação por meio da discussão de Rogers nos seus estudos. Ele uma grande e importante influência do humanismo, discute uma
linha na qual podemos relacionar um pouco ao espirito do esporte, ele diz em sua publicação de 2001 que: o
homem, em essência, tem uma natureza positiva e possui amplas
possibilidades de crescer, desenvolver-se e se realizar, no entanto este processo pode ser facilitado por meio das relações
de ajuda verdadeira. Nesse processo
de ajuda, é importante a aceitação
verdadeira para com o outro, que
permita a compreensão empática daquilo
que é vivido por ele, permitindo a evolução da maturidade e do que pretende
se ajudar.
É exatamente esse espirito de
relação de ajuda verdadeira que vemos acontecer na equipe a APA e esse talvez
seja o diferencial de fazer dar tudo tão certo, sem falar da dedicação que tem
os treinadores, onde são os grandes incentivadores da permanência e luta diária
deles. Vê-los enquanto equipe, ver as o trabalho dando resultado e que tanto
tem contribuído só me encoraja a investir e acreditar mais nessa área.
Resultado disso foi um dos nossos trabalhos que acabo de apresentar na XI
mostra de Extensão da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).
Ver as considerações dos avaliadores e o incentivo a ampliar as produções referentes a este trabalho, me deu o sentimento de dever cumprido, mas que ainda, dá pra fazer muito mais. Então fica o incentivo a vocês leitores que tiverem interesse a procurar mais sobre a área e somar com os trabalhos.
Abraços.
Referências:
ROGERS, C. Torna-se pessoa. Martins Fontes, 5ª edição. 2001.
KUNZ, E. Esporte: uma abordagem com a fenomenologia. Revista
Movimento, Porto Alegre, ano VI, n. 12, p.1-13, 2000/1.
INDICAÇÕES:
FILME:
Para todos. Direção: Marcelo
Mesquita; Gênero: Documentário, 2016.
LEITURA:
- RUBIO, K. (org.) Psicologia do Esporte: interfaces,
pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
- SILVA, M.L.; RUBIO, K. Superação no esporte: limites
individuais ou sociais? Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2003, vol.
3, nº 3 [69–76]
- WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do
esporte e do exercício. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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