Emanoela Lima e Rozelair Barreto
Quando o homem moderno pensava
que tinha todas as respostas para todas as questões,
foram trocadas todas as perguntas,
e ele se encontra, agora,
diante de questões e de perguntas
para as quais ainda não tem resposta.
(Eduardo Galeano)
Falar de pesquisa em Fenomenologia é falar da
implicação enquanto pesquisadora nesse mundo vasto de compreensões e
experiências que é o ser humano. O projeto de pesquisa ao qual estamos
vinculadas, por meio do NEPFE, trata-se de um estudo que visa compreender de
maneira ampliada os diversos sofrimentos presentes no contexto escolar. Uma
proposta desejada a partir de um posicionamento congruente (de nós duas
enquanto estudantes de Psicologia e pela profª Erika) e da necessidade de
promover saúde nesse espaço por meio de uma escuta qualificada e compreensiva.
Inicialmente o primeiro contato com o método
fenomenológico nos fez perceber que a nossa ansiedade de pesquisadoras poderia
atrapalhar todo o processo compreensivo, já que estávamos ligadas a outros
métodos e procedimentos que em essência supõe hipóteses apriorísticas para
tentar dar conta do problema a ser pesquisado. A postura de pesquisador exigida
no âmbito acadêmico nos preocupava muito, no entanto, e aos poucos, fomos
compreendendo que essa postura faz parte muito mais de uma visão de mundo, de
uma postura ética frente o fenômeno, de respeito àquilo que o sujeito trás, de
seu olhar sobre o mundo e essa flexibilidade nos mostrou como é importante o
fortalecimento desse olhar que valoriza o que é próprio e original da pessoa,
àquilo que constitui sua subjetividade e o faz único no mundo.
Assim, a experiência das entrevistas e dos
grupos focais reafirmou o quanto é necessário um espaço de escuta dentro da
escola. Sentimo-nos, ao final dos encontros, maravilhadas ao fazer de uma
coleta de dados um ambiente de escuta, no qual as pessoas podiam se expressar
da forma como se portam no mundo, como se vêem dentro do ambiente escolar e as
suas percepções e compreensões a respeito do sofrimento. Foram espaços em que
trabalhamos as nossas inquietações em relação à formação, já que viabilizamos
um espaço de escuta e fala autêntica, foi possível promover CUIDADO.
Ao fim da coleta, percebemos que o
pesquisador/a, é um invasor/a desses espaços, e é necessário que se respeite o
tempo e a compreensão dos sujeitos, onde quer o pesquisador/a pretenda atuar. Para
além do enriquecimento de nosso traquejo como pesquisadoras, o aprendizado em
ação nas escolas, fortaleceu o sentido da escolha do tornar-se Psicóloga, de
ser uma profissional do cuidado, e nos permitiu contemplar que a redução
fenomenológica é uma postura que se aprende e se apreende no exercício de enxergar
o fenômeno a partir da experiência de quem o vive.
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