O texto de hoje foi construído pelo estudante do segundo período do curso de Psicologia da Univasf, Lucas Batista de Souza, escrito na avaliação da disciplina Psicologia Fenomenológica-existencial I com o tema Relacionamentos e redes sociais, selecionado pela sensibilidade e provocações relevantes.
Por Lucas Batista de Souza
Segundo
o psicólogo Rogers, o ser humano é um ser de potencialidade. Dessa forma, os
novos arranjos interpessoais trazidos com o advento das redes sociais
provocaram uma mudança em relação ao potencial de relacionamento da humanidade.
Visto isso, a subjetividade do ser passou a ser subjugada a uma prisão virtual
que provoca uma alteração do homem em contato com os outros seres que o
circundam.
De fato, o ser atribui sentido às
coisas e à vida de acordo com sua própria experiência, através de processos como
a intencionalidade. No entanto, a partir da Terceira Revolução Industrial e o
surgimento de novas ferramentas tecnológicas, esse homem passou a transformar a
maneira como enxerga e se relaciona com o mundo que o cerca. Dessa forma, as
redes sociais transformaram-se em um processo de deterioração da subjetividade
humana, uma vez que as relações interpessoais se tornaram superficiais e
artificiais, fazendo, assim com que o aspecto humano de troca e compreensão
empática se distanciasse da vivência cotidiana. Em virtude disso, o
relacionamento do ser consigo mesmo e com o outro passou a ser impregnado com
concepções pré-moldadas e manufaturadas, atitude natural, para adaptar-se mais
rapidamente a velocidade cotidiana do virtual, mas que não se aproxima da complexidade
do existir.
Outrossim, ao acomodar-se com a
superficialidade das redes sociais, o ser deixa de compreender a importância da
alteridade, ou seja, da tentativa de entendimento daquilo que o outro é. Desse
modo, nota-se constantemente discursos de ódio permeando o espaço virtual, uma
vez que o homem negligencia sua capacidade de colocar-se em suspensão, de
deixar suas opiniões pessoais em segundo plano para compreender o ponto de
vista alheio. Logo, esse ser virtual não manifesta o que para psicologia seria
uma redução fenomenológica. Assim, as pessoas apenas reverberam falas
opressoras nas mídias sociais sem refletir sobre os preconceitos que as
constituem. Uma vez que torna-se mais confortável e fácil permanecer com uma
atitude irrefletida do que refletir sobre as concepções que constituem o ser
frente a si mesmo, tendo, assim, uma atitude fenomenológica. Portanto, o
relacionamento humano é degradado, uma vez que se não há empatia e nem
compreensão, não há como haver uma coletividade saudável nas redes sociais.
Em síntese, se o expressionismo foi
a vanguarda europeia responsável por levar à arte os mais obscuros e
degradantes sentimentos da subjetividade humana, as redes sociais tornaram-se o
expressionismo contemporâneo, pois demonstram como o ser pode perder seu
potencial de relação interpessoal ao ser posto no campo virtual reproduzindo
falas violentas e agressivas, degradando uns aos outros. Desse modo, o homem
necessita encarar a si mesmo em um momento de reflexão sobre as novas
tecnologias que formam o corpo social. Assim, pode-se mudar esse cenário de
desarmonia e trazer para si o potencial de crescimento defendido por Rogers.
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