Erika H Epiphanio
Era sábado, dia 24 de novembro.
Um dia em que levantei–me cedo, para cuidar de minhas plantas, o que
faço diariamente, antes mesmo de cuidar de mim.
Naquela manhã de sábado o cuidar me convocava, para
orquestrar a II Maratona de Cuidado na escola Paulo Freire e assim saí de casa,
disponível, atenta e realizada, afinal havíamos conseguindo diversos
colaboradores para facilitar 12 atividades diferentes para as crianças,
professores, gestores e familiares, atividades que envolveram cuidado, atenção,
diversão e escuta.
Lógico que ao sair de casa e no trajeto até o distante
bairro São Gonçalo estava apreensiva, preocupada se tudo daria certo e se teríamos público para tantas atividades (na véspera tivemos a notícia bombástica
que naquele sábado não haveria ônibus para levar as crianças e seus familiares
na escola e diversos professores não
estariam presentes devido a uma formação).
Quando cheguei poucos haviam chegado e assim fomos construindo as nossas ações com muito cuidado, para cuidar de quem ali chegou. Foi
um dia incrível, que com toda certeza foi transformador na vida de muitas
pessoas. Um dia que lacrou a conexão do com-versando com a comunidade do São
Gonçalo. Um dia que apesar da ausência do transporte a comunidade compareceu, os familiares se mostraram presentes em diversas atividades, valendo a pena todo o esforço e mais uma vez nossos colaboradores abrilhantaram nosso evento.
A seguir algumas das ações:
Tivemos a colaboração da Psicóloga Camila Duarte facilitando uma importante roda de conversa sobre comunicação não violenta para os gestores, professores e familiares.
A tenda Com-versando foi ocupada com ações de massagem pela fisioterapeuta Aline Geres, que com suas mãos mágicas aliviou o estresse da comunidade.
A oficina de Teatro proposta pela com-versante Baraba Mó, foi o espaço de diversão e expressão!
Os estudantes de Educação Física da UNITER compareceram dando show de animação com os jogos e brincadeiras na quadra da escola.
A Oficina de cup cake foi sucesso, olha só a carinha de quem amou!
A Oficina de desenho criativo produziu muitas coisas bacanas!
Na oficina de violão os alunos e servidores puderam aprender um pouco de música.
O professor Marcelo de Maio Nascimento da Educação Física da UNIVASF colaborou também com uma oficina de ginástica laboral para os servidores e professores da escola.
Tivemos a presença da TV Grande Rio fazendo uma matéria na escola sobre o evento!
O com-versante Pedro juntamente com outra estudante do curso de medicina deu uma oficina sobre primeiros socorros.
E também foram feitas oficinas de Origami, Mandala, tivemos o grupo da UPI (Unidade de Palhaçada Intensiva) da UNIVASF propondo diversas brincadeiras, houve uma roda de conversa com a Rede das Mulheres Negras do Sertão e ainda foi disponibilizado o plantão psicológico para toda a comunidade.
Fechando o dia tivemos a Batalha de Rimas que foi um momento divertido em que pudemos ter todos participando e vibrando com as apresentações. A batalha se revelou um momento de encontro da comunidade com a escola, em que foi possível trabalhar cultura e respeito por meio da musica e arte!
E para contar mais sobre mais esta incrível experiência
com o projeto Com-versando, são eles, o com-versantes que vão contar, cada uma
de seu olhar, com uma forma de contar e sentir, e todos com a abertura para
cuidar e estar com o outro!
Pedro Cadidé de Souza
Minha
expectativa para a maratona estava bastante alta. Seria a primeira experiência
na escola com uma atividade desse tamanho. Vi todo mundo trabalhando para a
realização deste, além do um trabalho também, que tive um pequeno problema com
a produção dos slides, o que me deixou um pouco estressado. Outra coisa que me
trouxe um pouco de estresse foi a organização das listas de inscrições, muitos
alunos inscritos, o que era muito bom, mas que gerou um pouco de preocupação
minha, dando tudo certo no final. Diante de tudo isso, os preparativos foram
bastante animadores para mim. Ver que eu iria fazer um trabalho desse tamanho,
ver a animação de minha mãe para montar a oficina de decoração de cupcakes,
trouxe muito prazer para mim. Felicidade foi o sentimento pré-maratona,
esquecendo todos as dificuldades (que ficaram como aprendizado).
Tudo
pronto para o dia, caronas arranjadas, materiais colocados no porta-malas,
fomos para a escola Paulo Freire, carro cheio de colaboradores e expectativas.
A primeira impressão que tive ao chegar foi de decepção. A escola estava vazia
devido ao problema com os ónibus que leva os alunos para a escola. Apesar
disso, maratona seguiria como organizado e eu tinha certeza que tudo daria
certo.
Sala
montada pra a minha oficina, porém, só um aluno apareceu inscrito para ela
(devido ao problema que tivemos dos ônibus). Fiquei um pouco triste, mas não
estava nos meus planos me abalar por conta disso. Esperei um tempo, fui atrás
de aluno, mas não encontrei ninguém. Decidi então começar a oficina somente com
o aluno que estava lá, afinal, ele estava interessado na oficina. Quando fui
começar, dois novos alunos apareceram e eu comecei a oficina com três pessoas,
o que me animou bastante.
Continuei
com a oficina, tive problema com o projetor, mas mesmo assim continuei. Rebeca,
minha amiga e colaborada da oficina que estava dando, fez a sua parte,
ensinando aos alunos a ressuscitação cardiopulmonar. Senti que as informações
ali dadas foram efetivas para quem estava assistindo, o que me deixou muito
satisfeito. Conclui a oficina com a aferição da pressão de três pessoas, que deu
tudo normal.
Sai
da minha oficina, hora do intervalo, hora do nosso lanche. Percebi que tudo
estava dando certo. Todas as outras oficinas foram um sucesso e a filmagem para
o GRTV também. Tudo fluindo muito bem, embora muitas coisas não acontecendo
conforme planejado, o que era de se esperar. Depois do intervalo, fui escalado
para monitorar a tenda da massagem, mas acabei participando da oficina de
teatro com Bárbara, que foi muito bom. Trabalhamos com os corpos, com as
expressões faciais. O contato entre os alunos e nós do projeto foi muito
importante. Sinto que os laços ali possam ter sidos estreitados.
Por
fim, a última atividade foi a batalha de rimas. Nossa, eu achei incrível! Esse
tipo de prática não é comum para mim, mas sim para a comunidade onde a escola
atende. Foi um momento muito divertido e fascinante. A batalha seguiu, muitas
risadas, gritos, vaias e palmas, mas o que mais me chamou atenção foram as
palavras do ganhador da batalha: a rima, esse tipo de prática que eles fazem,
muitas vezes é marginalizado, mas aquilo também é cultura e ele, que não é um
marginal, prática essa cultura.
Enfim,
foram muitas experiências, sentimentos, vivências. Uma oportunidade muito boa
de por a prática do que eu aprendo na minha faculdade e levar esperança, cuidado,
lazer para todos que puderam participar. Depois do resultado, em que terminamos
tudo com muito êxito, o cansaço e todos os problemas que surgiram são superados
pela felicidade e sentimento de dever cumprido. Projeto com-versando, que
sigamos mudando a vida das pessoas. Esse é o nosso sentido.
Silvio Guimarães
Já tentei escrever esse texto de diversas maneira...
Fiz, refiz, apaguei e escrevi de novo... São muitas coisas e nada que eu diga
pode abarcar completamente o significado de tudo... Só poderia compreender tudo
isso pela palavra "CUIDADO"... Cuidamos e fomos cuidados... Cuidados
e somo cuidados... Afetamos e somos afetados...
José Luís Amorim
Tive a oportunidade de participar da
II Maratona do cuidado no colégio Paulo Freire, que teve a organização do
Projeto Com-Versando. Foi sensacional.
Sensacional por devolver a
comunidade do bairro São Gonçalo nossos avanços como instituição federal,
levando mais cultura e, principalmente, cuidado a população. O evento reuniu
familiares, professores, servidores e alunos da escola em pleno sábado, o que
tornou mais gratificante nosso trabalho.
Ver os alunos da manhã, tarde e noite
reunidos na escola em um dia de sábado não tem preço, ver a alegria das
crianças, o empenho colocado, e a satisfação das mesmas foi engrandecedor.
Tenho pouca experiência no âmbito
acadêmico, mas posso dizer que participar da Maratona foi uma das melhores
experiências que pude adquirir.
Qualquer
cansaço que pudesse existir fora completamente colocado em segundo plano diante
dos diversos sentimentos que senti ao vivenciar aquela experiencia. Voltar a
escola na qual estudei oferecendo cuidado as crianças, professores, servidores
e para toda a comunidade foi muito importante. Experenciei uma descoberta de
sentimentos que até então não sabia que tinha, ver a alegria daquelas crianças
e suas participações nas oficinas foi de enorme gratificação.
E
para fechar nossa postagem sobre a II Maratona de Cuidado, trago a rima feita
por nossa grande rimadora e idealizadora da atividade Desafio da Rima, que
fechou a programação com chave de ouro, trouxe a comunidade para dentro de
escola, com grande harmonia e diversão! Valeu, com certeza valeu!
Maratona do Cuidado
Tereza Raquel
Que dia! que sensação de dever
cumprido,
De repente aquela sensação de “faz
sentido”
Lembrei até dos nossos primeiros
dias na escola,
por um tempo pensei que nossas
atividades seriam pontuais e logo iríamos embora.
8 meses depois, não imaginaria uma
manhã rica desse jeito,
o engajamento dos alunos, dos velhos
e novos membros.
Por isso minha versão será rimada
Porque como aquelas crianças, vejo
sentido no beat, ideias e palavras
Quem poderia imaginar que estaríamos
fazendo batalhas de rimas? na tenda?
Alunos e alunas até perdendo a
merenda
Dizendo que tudo bem, preferimos
rimar
cada um do seu jeito no recreio
tentando improvisar
“Mas Tereza, você está mesmo em
tudo?”
Arranquei cedo minhas raízes, por
isso passeio pelo mundo
E a maratona me fez sentir parte
dele
E no final, ainda ganhei um cupcake
E eu até pensei em palavras bonitas
e poéticas
mas poesia são meras palavras o
sentido dá quem as interpreta
E eu até poderia dizer palavras
bonitas
Mas sinceramente prefiro deixar isso
para a academia
Querem nos ensinar a lidar com gente
com xerox e livros
mas você às vezes tem que morrer pra
se sentir vivo
morrer de cansaço, morrer de
alegria, morrer de felicidade
e ainda me disseram que vou morrer
de curiosidade
quem ao fim da maratona não sentiu
morto? aquele cansaço imenso?
A noite vi filmes daquela manhã em
meus pensamentos
Já dizia Cesar mc em cima da batida
“Me diga algo mais motivador do que
não ter saída”
E a impotência de muitas vezes não
poder oferecer saída
se perdeu em meio a rimas e batidas
E é como dizia aquele ditado, e hoje
eu falo com orgulho
o bagulho é louco mas nós tem que
ser mais louco que o bagulho.
Por isso se chama maratona agora eu
compreendo
Quando você vê a linha de chegada
tem que continuar correndo
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