Por Jaciara França Gama
(quase psicóloga rsrs)
O Projeto Com-versando
nas escolas me possibilitou está inserida no espaço escolar e presenciar como
os processos identitárias dos estudantes de ensino fundamental II estão
perpassados por diversas situações de violência. A escola é uma instituição com potencial
transformador, mas que ainda estão presentes os conflitos raciais, marcadas por
práticas racistas.
Destacando as violências
de gênero e o racismo, opressões vividas diariamente nos corpos das meninas
negras é válido ressaltar que as mulheres negras aparecem como maioria das
vítimas em diversos indicadores de violações de direitos humanos ao redor do
mundo, e nas escolas brasileiras isso não se difere.
Ao
longo de muitas gerações mulheres negras vivenciam situações de controle sobre
suas vidas e corpos, subalternização, violência, olhares indiscretos, recebendo
sempre um convite a intimidação quando abordadas com piadas do tipo “quando
nêgo não caga na entrada, caga na saída”, e com “elogios” que diziam “é nêga,
mas muito inteligente”. E acompanhando essas violências diárias sempre vem uma
justificativa: “É só uma brincadeira, porque se chateou?” “É um elogio!” “Não,
não é má vontade, é que você também foi usando essa roupa”! “É que vocês
mulheres negras são hipersensíveis”.
A
escola para além de um espaço onde encontramos regimentos, normas, disciplinas
escolares, se propõe a ser um espaço de formação inserida em um processo
educativo bem mais amplo. Na qual, pode ser
considerada como um dos espaços que molda a
construção da identidade negra. É importante se atentar para o olhar lançado
sobre a população negra e sua cultura, no
ambiente escolar, pois tanto pode valorizar identidades e diferenças quanto
pode estigmatizá-las, discriminá-las, segregá-las e até mesmo negá-las.
A tomada de consciência
racial e o entendimento a respeito dos mecanismos pelos quais o racismo e as
discriminações raciais são operados são urgentes em nosso país. É um desafio para
o sistema educacional abordar essas temáticas, e
realizar o cumprimento da Lei 10.639/03, alterada
pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da
história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas,
públicas e particulares, do ensino fundamental até
o ensino médio.
A partir da inclusão da lei, permite que se
torne possível o desafio de
um debate mais aprofundado sobre as questões de gênero e raça, e a superar as
dificuldades de se implantar uma perspectiva positiva sobre a identidade negra
nas escolas e, assim, trazer para a cena a família e a comunidade escolar.
Excelente reflexão
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