Experienci(ações) em um lócus Educativo

O texto de hoje fala de ações realizadas por estudantes de psicologia em uma escola estadual de ensino médio, na cidade de Juazeiro da Bahia, que tem o projeto de plantão psicológico orientado pela coordenadora do NEPFEE, profa. Erika Epiphanio

por Jhonanthan de Oliveira Ramalho e Mariana Pereira Coutinho

        
Pensar na Psicologia inserida no Contexto Escolar, é se remeter a encontros e desencontros, e, com o passar do tempo, ambas perceberam a necessidade de ampliar a visão para além da queixa escolar.
Após encontros e desencontros entre a Psicologia em meio à Escola se percebeu a necessidade de ampliar a visão, para além do problema, da queixa escolar, buscando uma compreensão mais sistêmica, em que o questionamento centra-se sobre o processo que não possibilita a aprendizagem da criança/adolescente (Giongo, & Oliveira-Menegotto, 2010). Sendo assim, o profissional deve herdar da clínica psicológica a escuta, acompanhando os fenômenos em sua complexidade, já que seu trabalho se postula em meio à experiência de sentido e do vivido (Martins, 2003). Partindo de um trabalho de forma integrada e multidisciplinar as intervenções devem fazer sentido para a comunidade educativa, observando as relações que perpassam e que podem ir além do contexto do ensino-aprendizagem. Sendo assim, o plantão psicológico deve ser visto como uma ferramenta que pode ajudar a partir do acolhimento e reflexão.
Outra ferramenta considerada potente no contexto escolar são rodas de conversa, sendo estas um espaço de formação, desabafo e de troca de experiências, onde há a possibilidade de mudar caminhos e opiniões. Um elemento importante na Roda de Conversa é o diálogo, considerado como um momento singular de partilha que pressupõe um exercício de escuta e fala, na qual as colocações de cada participante são construídas a partir da interação com o outro.
            Dessa forma, a partir da necessidade do Colégio Democrático Estadual Florentina Alves dos Santos (CODEFAS), e diante do que foi comentado até aqui, foi pensado em algumas atividades que pudessem contemplar professores e alunos. Primeiramente, levando em consideração a dinâmica de horário dos professores, foram propostas 3 rodas de conversa com o tema “Saúde Mental e Síndrome de Burnout no contexto escolar”, tema este sugerido pelos próprios educadores da instituição. Para esta atividade contamos com a colaboração da Liga de Saúde Mental da Univasf (LISAM) e nossos colegas do grupo estágio de clínica do trabalho.


A segunda atividade foi direcionada para os estudantes da terceira série do Ensino Médio. Formulamos um momento de roda de conversa para que estes estudantes pudessem refletir e discutir sobre a escolha profissional e suas vertentes, levando em consideração o problema da escolha profissional, dando enfoque à importância do protagonismo de cada estudante; entender os elementos dessa escolha (aspectos pessoais e contextuais), ressaltando a importância do diálogo, principalmente com os pais, acerca dessa escolha.

A terceira e última atividade foi proposta também para os estudantes da terceira série do Ensino Médio, porém, vale ressaltar que todo ano essa atividade acontece como parte do calendário pedagógico, sendo o diferencial deste ano,  a participação do estagiários da Psicologia. Essa atividade é denominada “Dia do Relaxamento”, onde a ideia proposta foi apresentar espaços para os estudantes expressarem suas afetações, levando em consideração a proximidade do vestibular. Nesse momento, organizamos três espaços, onde dividimos os estudantes em: 2 rodas de conversa sobre a ansiedade pré-prova e 1 espaço de meditação guiada.


Diante da experiência de construção e ação desse conjunto de intervenções, foi percebido a necessidade de se pensar na integralidade do sujeito, levando em consideração que ele não é constituído apenas de um fator (ex.: que só trabalho ou só estuda) mas, que ele é composto por vários elementos que precisam ser cuidados.
Outro ponto marcante foi a importância da relação enquanto contexto educativo: tanto de professor/aluno, quanto relações entre os alunos e entre professores.

Referências
GIONGO, C., & Oliveira-Menegotto, L. M. (2010). (Des) Enlaces da psicologia escolar na rede pública de ensino. Psicologia USP, 21(4), 859-874.


MARTINS, J. B. (2003). A atuação do psicólogo escolar: multirreferencialidade, implicação e escuta clínica. Psicologia em Estudo, 8(2), 39-45.

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