Exercício de compreensão fenomenológica- cartas para o futuro

 Caros e caras leitoras.

Iniciaremos nesta semana mais uma sessão de textos produzidos pelos estudantes de psicologia da UNIVASF.

Agora o(a)s aluno(a)s do segundo período, da disciplina Psicologia Fenomenológica-existencial I foram convidado(a)s a realizar um exercício de redução fenomenológica, uma tarefa bastante desafiadora.

Os alunos assistiram a primeira parte do documentário Humans, que fala sobre amor

https://www.youtube.com/watch?v=TnGEclg2hjg&t=1802s

E foram provocados a realizar um exercício de suspensão fenomenológica e escrever uma carta para si mesmo, no futuro, contando como foi sua experiência. E no texto de hoje a aluna Amanda Laís nos presenteia com reflexões sensíveis sobre a formação em psicologia. 


Querida Amanda do futuro,

 

Neste momento, uma frase me vem à cabeça: “Nós aceitamos o amor que achamos merecer” – ouvi isso em um filme. Agora, estou pensando bastante nessa palavra tão simples e popular no vocabulário humano: amor. Honestamente, o processo de se tornar psicóloga foi a escolha mais louca que você já fez até hoje, dia 11/01/2022. Estou em um exercício de redução fenomenológica, insano e impressionante ao mesmo tempo. Me sinto grata por ter escolhido estar aqui! Que bom é sentir que a cada dia me torno psicóloga, mas melhor ainda é sentir que me torno mais humana.

Pois bem, acabei de ler um capítulo do livro chamado “Fenomenologia para estudantes” (o que me fez colocar o livro na minha lista de leituras) e assisti a um documentário que até agora me arrepia. “O que é amor?” – depende. Costumo ver psicólogos brincarem no Instagram dizendo que a marca de um psicólogo é o “depende”, mas acho que o “depende” é muito mais que a marca de alguma profissão – é a possibilidade de considerar o “inconsiderado” e a oportunidade de perceber o valor de tudo e todos que existem nesse mundo confuso e ditado.

A experiência de buscar me despir das minhas certezas e convicções é um pouco doída e ao mesmo tempo fascinante. Me faz enxergar os percursos até as conclusões do que seria “amor” – percursos esses muito diferentes dos meus em alguns momentos. E são exatamente essas experiências individuais, durante toda uma vida, que levam alguém a concluir algo.

Volto à frase “Nós aceitamos o amor que achamos merecer”, que confirmei ser do filme “As vantagens de ser imperfeito”. Penso que nós aceitamos o que consideramos como sendo amor, e por considerarmos como tal, acreditamos ser dignos dele. É uma longa viagem interior que conversa com o exterior e vira significado para nós – e a atitude fenomenológica, pelo que tenho compreendido, se encontra no enxergar e legitimar o que existe para mim e para o outro. O olhar para o valor e significância que cada um emprega e o que levou cada um até determinado ponto.

Portanto, “o que é amor?” – Depende! Depende de quem ama e de quem vive, e, vivendo, define o que é amar. Espero que daí de onde você está, continue sendo uma experiência fascinante aprender sobre o ser humano e os seus percursos. Porque, daqui, lhe escreve uma pessoa apaixonada por essas descobertas. Será que alguém no mundo consideraria, esta, uma carta de amor?

Não sei. Talvez, eu.

 

Com amor (visto e considerado), 

Amanda Laís. 



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