No post de hoje iremos publicar a ultima carta dos alunos de 2º período de psicologia, que foi um exercício de redução fenomenológica, após assistirem a primeira parte de documentário Humans, que versa sobre o amor.
Por Ariely de Souza Pereira
Um dos maiores dilemas na vida profissional ou de qualquer ser humano que se preze será a simples compreensão do outro. O que você passará na vida, e provavelmente sofrerá, se encaixa nisso, dói sair de si para compreender o outro, e isso não está unicamente no meio acadêmico, mas na vida, dói demais sair de si, e espero que se reduzir não esteja apenas na fenomenologia, mas na sua vida, e por completo. Assim, chega até ser engraçado como pequenas atividades e exercícios na sua faculdade te abrem para uma posição bem estranha, em um mundo cujo tudo anda com olhos tão para si e tão dentro de si, levantá-los e ver o campo a sua frente não é um processo meramente simples, talvez Husserl não tenha tanta noção do que ele mesmo disse, ou talvez ele também tenha sofrido com isso e tentado passar para todo mundo. E isso não ficou em Husserl, está vindo para você também. Você é a próxima.
A fenomenologia -
possivelmente, você estranhou no início - talvez seja uma das infinitas
abordagens que te aproxime da realidade em certos aspectos, é interessante como
ela te fala como é importante se desentranhar e se confrontar abertamente sobre
o que pensa e o que está concreto na sua mente, há infinitas realidades,
infinitas culturas, subjetividades vivas e no fim tudo isso dentro de seres
como eu, pequenos, falhos, fracos, medrosos e necessitados de amor. A vida é um
constante questionamento e re-orientação de rotas, reveja tudo, repense tudo,
nem todo objeto se apresenta em sua totalidade, em tudo há um contexto, uma
posição, um ângulo e você precisa buscar compreendê-lo em sua totalidade. A
vida real é assim, não para em disciplinas - aliás estranhe se você não
encontrar a vida real nelas - a realidade é grande demais para filosofias sem
sentido.
Então, tudo se torna
outro quando você sai um pouco de si e assume que não sabe de tudo, e que os
fenômenos às vezes parecem confusos sim de início, mas se sair um pouco de si,
parar e observar, investigar, repensar e tentar ver as diversas manifestações
aparente das coisas, muita coisa, muita
mesmo fará sentido. Admito que provavelmente você se frustrará com essa cultura
individualizada inundando até a ciência, nem tudo são flores e também nem tudo
é um grande jardim sem vida, parece bobo tudo isso que disse, mas se reduzir,
sumir um pouco para que outros entrem é algo raro, que talvez não saia de
consultórios psicológicos, mas muda tudo.
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