Os impactos do esporte no desenvolvimento infanto-juvenil de pessoas com e sem deficiência

 

Olá, pessoal! Prosseguindo com as matérias desenvolvidas a partir do projeto “Psicologia do esporte na iniciação esportiva de crianças com e sem deficiência: desenvolvimento e cuidado”, vamos dar continuidade com a quarta matéria.

 

Por Luís Eduardo e Maria de Fátima

Formação sobre Bocha Paralímpica

O esporte na infância apresenta um caráter mais lúdico e descontraído, o que pode parecer brincadeira de criança apresenta grandes impactos no desenvolvimento infantil. A criança é um ser em um mundo novo e repleto de informações novas a todo instante, os estímulos sociais, cognitivos e afetivos são cruciais para o seu desenvolvimento e, aliado a isso, a atividade física se apresenta como uma ferramenta potencializadora para esses estímulos. A prática regular da atividade física, além de diminuir riscos de algumas doenças, promove saúde e bem-estar, auxiliando no gasto energético das crianças, na regulação metabólica e na consciência corporal, sendo um fator importante para o bom desenvolvimento físico e mental (Silva e Costa, 2011).

De antemão, já deixamos claro que os impactos aqui relatados são para o púbico infanto-juvenil com e sem deficiência. Estudos apontam (Gomes e Gorla, 2016; Feitosa, Muzzolon, Rodrigues, Crippa, Zonta, 2017; Hoffmam, 2018) que o esporte é um fator importante para o desenvolvimento de crianças com deficiência, proporcionando a elas, por meio da atividade física e do convívio, estímulos imprescindíveis para uma interação inclusiva e afetuosa. Um dos objetivos da iniciação esportiva inclusiva é diminuir a exclusão dessas crianças e adolescentes, promovendo a cidadanização para pessoas com deficiência, diminuindo estigmas e preconceitos.

Como forma de preparar os estudantes deste projeto para as demandas de pessoas com deficiência, a equipe possui formações eventuais sobre a pessoa com deficiência no esporte. Nossa última formação, por exemplo, tratou sobre um esporte direcionado para esse público, a bocha paralímpica, que será utilizado na APA. A formação foi conduzida por Leonardo Gasques Trevisan Costa, docente da Univasf do curso de Educação Física.

Retomando a temática central, nota-se que é comum as crianças, quando entram na iniciação esportiva, despertarem certas qualidades que ampliam seu horizonte, como o desenvolvimento de habilidades sociais. Pode soar estranho inicialmente, até nos perguntamos “como praticar esporte aumenta a sociabilidade das crianças?”. Projetos como a APA (Associação Petrolinense de Atletismo) proporcionam atividades esportivas individuais e em grupo, o que vai requisitar das crianças, aos pouquinhos, habilidades sociais para lidar com o grupo. Nosso projeto, em algumas intervenções, por exemplo, trabalha com os atletas a importância da comunicação e do trabalho em equipe, sobre como as amizades podem se tornarem afetos e recursos imprescindíveis para o atletismo. Afinal, nada melhor do que comemorar com os amigos aquela competição difícil, não é? Ou ter aquele colo amigo quando os objetivos não saíram planejados.

Sem contar que, como discutido na última matéria, a iniciação esportiva é uma companheira nos laços de cuidadores e das crianças, contribuindo para relações mais saudáveis, com menos cobranças e mais afetividade. Vez ou outra escutamos o retorno de alguns pais que aplicam algumas técnicas que foram trabalhadas com as crianças e que elas ensinaram aos seus pais, assim, as intervenções estão para além do setting da psicologia do esporte.

A fase da infância e da adolescência necessita de cuidados essenciais quando se trata de atividades físicas. Durante este período, a criança desenvolve habilidades motoras finas e grossas, a atividade física proporciona a elas uma melhora significativa no desenvolvimento esquelético e muscular, contribuindo também para a redução de massa gorda (Ré, 2011). Aliado a isso, o esporte contribui em aspectos cognitivos, pois estimula a criança em tomadas de decisões, desenvolvendo a atenção, memória e do aprendizado (Ré, 2011).


E, por fim, não podíamos deixar de comentar sobre a nossa área, já que os contributos da psicologia do esporte são substanciais no campo esportivo. A iniciação esportiva estimula habilidades e a adoção de hábitos saudáveis, contribuindo para uma melhor autopercepção, melhora em convivência grupal, além de permitir a criança e ao adolescente a um senso crítico e mais resiliente diante de situações que lhe causam frustações ou desconfortos, contribuindo para o manejo da regulação emocional (Silva, Dias, Sousa, Oliveira, Oliveira, Farias, 2022).

De um ponto de vista experiencial, os participantes do presente projeto já conseguem perceber desfechos das intervenções realizadas. O trabalho com cooperatividade, desenvolvimento de vínculos, emoções, entre outros do projeto, já se mostram claros no grupo e na individualidade das crianças e adolescentes. Nota-se um dinâmica diferente da que foi encontrada inicialmente, em que o público consegue manejar melhor situações conflitantes, sobretudo quando se trata de frustações.

A iniciação esportiva, junto com a psicologia do esporte, desempenha um papel transformador na vida de crianças e adolescentes, abrindo novas possibilidades de ser e estar no mundo.

 Referências

Feitosa, L, C. Muzzolon, S, R. Rodrigues, D, C. Crippa, A, C. Zonta, M, B. (2017) O efeito do esporte adaptado na qualidade de vida e no perfil biopsicossocial de crianças e adolescentes com paralisia cerebral. Revista Paulista de Pediatria [online]. v. 35, n. 04 

Gomes, A. E. G., & Gorla, J. I. (2016). O esporte como promotor da saúde em crianças com deficiência. Revista Brasileira Em Promoção Da Saúde, 29(1), 1–4. https://doi.org/10.5020/18061230.2016.p1

Hoffman, D. C. L. (2018). Psicologia, esporte e inclusão: considerações sobre o transtorno do espectro autista e a inclusão social por meio de atividades esportivas. Pretextos - Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 3, n. 6, p. 574 - 586, 12 set.

Ré, A.H.N.. (2011). Crescimento, maturação e desenvolvimento na infância e adolescência: Implicações para o esporte. Motricidade, 7(3), 55-67

Silva, P, V; Costa J. (2011). Efeitos da atividade física para a saúde de crianças e adolescentes. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 29, n. 64, p. 41-50. jan./mar. Disponível em: http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/pa?dd99=issue&dd0=269

Silva, C. Dias, F. Sousa, M. Oliveira, V. Olieira, K. Farias,R. (2012). A contribuição da psicologia na saúde mental dos atletas no âmbito esportivo: uma pesquisa bibliográfica. Research, Society and Development, v. 11, n. 12.


E para se aprofundar sobre o tema, o NEPFEE, juntamente com os extensionistas deste projeto, estão organizado um evento presencial do auditório da biblioteca da UNIVASF, centro Petrolina, com o tema: Iniciação esportiva: impactos e consequências no desenvolvimento de crianças com e sem deficiência. Confiram a programação e façam sua inscrição pelo site: https://www.even3.com.br/iniciacao-esportiva-impactos-e-consequencias-no-desenvolvimento-de-criancas-com-e-sem-deficiencias-393950/


 



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